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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Casamentos pelo mundo: Japão

Gente adoro a cultura japonesa e como eles são capazes de juntar tradição e tecnologia e ficar tudo maravilhoso... Mas convenhamos eles são muuuuuuuito retrô em algumas coisas... Vamos ao casamento japonês e os absurdos que vemos em pleno século XXI.

O casamento japonês retrata bem a cultura do povo, que é reservado, formal e cheio de tradicionalismo. É uma festa bem cara, os mais básico custam em torno de 2 milhões de ienes (o equivalente a 20 mil dólares).

ROUPAS
As mães dos noivos usam um quimono mais formal, para mulheres casadas (kurotomesode - manga curta preto), decorado nas pernas com motivos tradicionais que representam votos de felicidade aos noivos e brasões da família nas costas, ombros e mangas, fechado com uma faixa de brocado dourado.
O noivo usa um quimono preto, o haori hakama, igual aos quimonos usados pelos samurais no século XIX, com o brasão da família e no lugar do sapato, um chinelo, com meia branca.
A noiva usa um quimono branco (cor do luto no Japão antigo, as noivas usavam esse quimono para representar seu falecimento para sua família de origem, já que passaria a integrar a família do futuro marido, e servia como uma demonstração da pureza de seus sentimentos) de seda e cauda chamado Shiromuku, com um penteado formal tradicional com vários enfeites diferentes, chamado bunkin takashimada. Por cima, é colocado um lenço engomado sobre a cabeça, chamado tsuno kakushi, que significa "ocultador de chifres" e representa a obediência da mulher ao marido, já que no tempo dos samurais, a poligamia era permitida e as esposas tinham que tolerar outras esposas e amantes de seus maridos. Presa à gola do quimono a noiva usa uma carteira de seda chamada hakaseko, que representa fortuna no casamento, e uma bainha de seda para faca (chamada kaiken), simbolo de fidelidade, que vem do antigo costume que as esposas de samurai que tinham ter um punhal o tempo todo para defender a família, ou para cometer suicídio para não cair nas mãos do inimigo. Sobre o shiromuku a noiva veste o uchikake, um sobretudo de seda colorido e rico em bordados, que representa o desejo de alegria na sua nova vida de casada.
As diversas trocas de roupa durante o casamento eram considerados símbolos de status, essas trocas não são obrigatórias, mas muitos casais optam pelo ritual de trocar o quimono pelo vestido e fraque para realizar uma cerimônia cristã, embora raramente os noivos sejam cristãos.
Tem diferença de quimono também para os convidados. As mais novas e as amigas da noiva vestem cores vibrantes e fortes, enquanto os quimonos mais escuram são vestidos pelas convidadas mais idosas.

 tsuno kakushi, lenço usado na cabeça das noivas



haori hakama

Shiromuku, quimono utilizado pela noiva
kurotomesode, utilizado pelas mães dos noivos e fraque, utilizado pelos pais


uchikake
PREPARAÇÃO
Geralmente os casamento são produzidos por uma empresa contratada, e é necessária a ajuda de pelo menos 3 assistentes. O quimono fica completamente amarrado ao corpo e impede muitos movimentos, é sobreposto por outras roupas, por isso fica muito pesado.
A maquiagem deixa a pele (dos pés à cabeça) BEM branca. Sobre o cabelo é colocada uma peruca com muitos arranjos (com flores, pérolas e pendentes de ouro, todos significando boa sorte ao casal), e por cima coloca-se o tsuno kakushi.


Peruca
Essa não é uma japonesa, mas a ideia da maquiagem é essa.
CELEBRAÇÃO E RELIGIOSO
O casamento xintoísta é o mais comum no Japão (63%), depois vem as cerimônias cristãs (30%), mas também tem os casamentos budistas (2%).
As cerimônia religiosa não tem relação com a união civil, elas podem ser realizadas separadamente, ou ser realizada apenas uma delas. O processo legal é rápido e gratuito e tem como exigência os noivos serem maiores de 20 anos e que preencham um formulário para informar a união.
Os casamentos budistas são realizados em m templo dessa religião, onde é feito uma oração e um discurso por um religioso que celebra um ritual de purificação para todos os presentes. No altar são colocados dois rosários budistas que simbolizam a junção de duas famílias em uma. Queima-se incenso e celebra-se com bebida cerimonial.
As cerimônias mais populares são Shinto (O caminho dos deuses), que podem ser celebradas num templo ou em casa. Atualmente muitos hotéis e locais para casamento já que estão equipados para realizarem casamentos deste gênero.
A celebração é curta e tem hora para acabar. Os japoneses levam muito a sério a questão de horário, então os convidados são pontuais e após 4h de festa (tempo aproximado de duração do evento) começam a se retirar.
Inicialmente o sacerdote faz a purificação do ambiente e dos participantes e um prece. O altar não pode ser filmado ou fotografado.
Logo após, vem a leitura do Seishi, onde os noivos, em japonês antigo, trocam votos e prometem lealdade um ao outro, enquanto as famílias olham-se frente-a-frente e não para os noivos. Em seguida é servido (por duas jovens que devem ser virgens) o saquê, que deve ser bebido pelos noivos, em 3 taças diferentes e ao mesmo tempo. Tornou-se comum a inclusão da troca de alianças, um hábito importado do Ocidente. Para encerrar, os noivos fazem uma oferenda aos deuses.
Não existem padrinhos, como nos casamento ocidentais. Cada noivo convida o seu melhor amigo ou, no máximo, um casal, para ocupar o lugar de honra.
Terminada a cerimônia religiosa, começa a recepção, onde acontecem as diversas trocas de trajes. A cada troca de roupa, muda também o penteado e maquiagem da noiva.
E após a cerimônia os noivos oferecem um banquete aos convidados, assim que entram no salão, deixam o seu presente numa mesa da entrada. E depois sentam em um lugar já predeterminado pelos noivos e os noivos sentam em um local mais elevado.
A grande diversão da celebração são os discursos para os noivos, que são feitos por pais, melhores amigos, colegas de trabalho. Depois é a vez do par retribuir, lendo cartas para seus pais e agradecendo presença de todos.
O horário é muito importante na cultura japonesa, portanto as festas tem hora para começar e para terminar. Todos chegam no pontualmente e depois de 4h de festa (geralmente) vão embora.




CONVIDADOS
A lista de convidados é restrita, limitada apenas aos empregadores, a família e poucos amigos - nesta ordem. Raramente ultrapassa mais de 80 pessoas e estes devem confirmar a presença antecipadamente. Os convites jamais são extensivos aos parentes, é muito comum apenas um dos membros da família ser incluído. Amigos do sexo oposto dificilmente participam,  não é de bom tom para a noiva, por exemplo, convidar um amigo da faculdade. Ou vice-versa. Com todas as restrições, ir a um casamento no Japão é uma oportunidade rara.

PRESENTES
Familiares e convidados presenteiam os noivos com quantias em dinheiro, que são entregues em envelopes decorados, especiais para esse tipo de ocasião. Há até uma tabela para seguir: Amigos devem dar de pressente 30 mil ienes, os parentes 50 mil ienes e os "padrinhos" no mínimo 100 mil ienes.



COMIDAS
É servida em pouca quantidade, mas em pratos extremamente bem desenhados. O menu varia conforme opção do casal, que pode ser tipicamente japonês ou totalmente ocidental.


BOLO
Como um de verdade não sai por menos de 50 mil ienes, os noivos preferem os feitos do mais puro plástico. Mesmo assim, se resolverem cortá-lo, precisam pagar 5 mil ienes. Mas não podem colocar a faca no lado que bem quiserem, existe um lugar determinado para o encaixe da lâmina. Com isso o bolo é posteriormente usado em outras festas.


LEMBRANÇAS
No final, além do discurso dos noivos, eles dão presentes de agradecimento. Para as mães, são entregues buquê de flores, para os melhores amigos, lembranças especiais, para os pais cravo vermelho para por nas lapelas. Para os demais convidados geralmente é dado louças e cerâmicas.



TRADIÇÃO ANTES DO CASAMENTO
Antigamente o noivo visitava a noiva na sua casa, durante a calada da noite e só depois do nascimento de uma criança ou da morte de seus pais, aceitava a noiva como sua esposa. Depois das visitas noturnas à noiva, o noivo era convidado a partilhar bolos de arroz, na casa da noiva. Esta reunião, dos rituais antigos, é o mais importante, já que era nesse encontro que o noivo recebia a benção dos pais da noiva.

MI-AI
O Mi-ai é uma especie de entrevista que os pais fazem aos futuros noivos. Este ritual é muitas vezes realizado em hotéis ou noutros lugares públicos. Depois do Mi-ai o noivo é convidado a visitar a casa da noiva, onde deixa um presente provando assim que ficou impressionado com a futura noiva. Mesmo que hoje os casais casem por amor, esta prática ainda existe na cultura japonesa, cerca de 50% dos casamentos aind acontece dessa forma, arranjados por Nakodo (intermediários), que podem ser familiares, amigos ou até empresas especializadas nisso.

YUI-NO
É a reunião onde o noivo é aceito pela família da noiva, durante o ritual ambas as famílias partilham uma troca de alimento e bebidas  para selarem um acordo. Entre outros itens, oferece-se dinheiro para comprar saquê, que representa carinho e obediência durante a vida de casados. Este dia é decidido de acordo com uma consulta prévia do almanaque japonês, onde escolhem datas que dão sorte, assim também é escolhida a data de realização do casamento (embora hoje as noivas queiram se casar na primavera ou outono devido as estações). Os noivos também fazem uma troca de presentes entre eles, sendo uma saia oferecida ao noivo como símbolo de fidelidade.

Dá para perceber que o casamento japonês é cheio de tradições, e que todas elas têm um significado muito importante. Hoje as tradições já não são mais levadas tão a sério, e até no Japão isso acontece, muitas noivas já escolhem por um casamento um pouco mais ocidental, sem tanto tradicionalismo, mas convenhamos quimonos são lindos demais...

Lindos nenis japoneses

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